Myrtes Mathias
Pessoalmente, não posso fazer
feliz toda a humanidade; são bilhões de almas aflitas, apáticas, que em mil
línguas e dialetos trazem-me à mente a tragédia da minha limitação.
Habitam o cume dos montes, o
fundo dos abismos, isoladas ilhas no grande mar da vida, onde só se chega pela
estreita ponte da renúncia, pelo incômodo barco da tolerância para com as
fraquezas do próximo.
Mas, atravessando a ponte,
tomando o barco ou usando cordas de boa vontade, posso levar felicidade àquele
que está perto de mim. Basta, às vezes, um alegre bom-dia, um sorriso amigo, um
elogio sincero ...
Pessoalmente, não posso fazer
feliz toda a humanidade, mas, louvado seja Deus, posso estender a mão a quem
está perto de mim e passar-lhe um pouco da felicidade que me enche o coração.
Bastará que meu gesto seja
imitado para que a felicidade passe adiante, a corrente se estabeleça ao redor
da Terra, fazendo o fim das guerras, dos preconceitos de raça, das divisões em
castas, línguas e crenças. Até seria possível, quais crianças felizes, brincar
de roda em torno do mundo, se todas as gentes se dessem as mãos.