Daniel e o Sonho do Rei

(Daniel 2)

Otávio Alves da Costa

Babilônia era o império
De Nabucodonosor,
Rei poderoso e ilustre,
Um venerável senhor,
Mui sábio e assaz profundo,
Mas que pôs em guerra o mundo,
Espalhando o pranto e a dor.

Certa noite, eis que este rei,
Em seu leito adormecido,
Teve um sonho-pesadelo
Que o fez ficar confundido;
E no outro dia, bem cedo,
Levantou-se já com medo
Por tudo haver esquecido.

Nesse tempo Daniel,
Profeta, justo varão,
Andava por Babilônia,
Em sua santa missão.
O rei, com sua alma inquieta,
Mandou chamar o profeta
Para dar decifração.

Lá foi Daniel ao palácio,
E o rei logo lhe explicou:
- Eu tive um sonho intrigante
Que muito me impressionou.
Era espantosa a história,
Mas me fugiu da memória,
Nenhum traço me deixou.

Vê se podes explicar-me
E interpretar a visão.
Serás bem recompensado.
Dize qual foi o meu sonho
E o seu significado,
Pois me deixou apreensivo,
Em grande estupefação.

Daniel, então, disse ao rei:
- Por mim não posso saber;
Mas Deus, que habita no Céu,
Mandou-me aqui to dizer:
Teu sonho é certo e seguro;
Mostra coisas do futuro,
Fatos que vão suceder.

No teu sonho estavas vendo
Uma estátua muito bela.
Sua cabeça brilhava,
Era de cor amarela.
Essa cabeça era de ouro.
Representa o teu tesouro,
Tua forte cidadela.

O peito e também os braços
De prata eram modelados.
Quer dizer que no futuro
Teu império ruirá,
E um outro reino, inferior,
Ocupará seu lugar
E tudo dominará.

E o ventre e os quadris da estátua
Eram compostos de cobre,
Mostrando um terceiro reino,
Mais feroz e menos nobre,
O qual sucede o segundo,
Lançando angústia no mundo,
Oprimindo a rico e pobre.

Mas as pernas dessa estátua
Eram de ferro fundido,
Revelando um quarto reino,
Muito cruel e aguerrido,
Que tratará com dureza,
Sem nenhuma compaixão,
O inimigo vencido.

E, por fim, os pés e os dedos,
De ferro e barro formados,
Representam as nações
Que restaram dos impérios
Que já estarão no passado.
E agora o que vem após
Causa enlevo a todos nós.

Então, ó rei, no teu sonho,
Estranha pedra surgiu,
Vinda direta do Céu
- Coisa que jamais se viu -
E bateu nos pés da estátua,
Transformando-a em cinza e pó,
Como pragana do estio.

Essa pedra assim descida,
Sem o auxílio de mãos,
Representa Jesus Cristo
Em Sua glorificação,
Que aqui firmará Seu reino,
Completando, triunfante,
O plano da redenção.

Mas antes de vir a paz,
Haverá muita aflição.
Toda carne que pecou
Receberá seu quinhão.
Eis o teu sonho explicado.
Deus te há isto revelado
Para tua salvação.

E ao rei, no trono assentado,
Sua memória voltou,
Constatando ser verdade
O que o profeta falou.
E viu que o Deus de Daniel
Era o Senhor dos senhores -
O Deus que tudo criou.