“O discípulo não está acima de seu mestre, nem o servo acima de seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e o servo, como o seu senhor.” – Mateus 10:24 e 25
INTRODUÇÃO
Ao
tratar deste assunto que versa sobre dieta alimentar à luz da Bíblia, dos
escritos de Ellen White, e das mais recentes descobertas nutricionais de
especialistas da área, quero dizer que pretendo apenas apresentar as conclusões
de minhas pesquisas, deixando aqui também uma palavra de consideração e
respeito pelos que pensam diferentemente, pois, neste assunto, é impossível
haver unanimidade. Mas, em assim fazendo creio estarmos atendendo ao que Paulo
denominou de liberdade cristã (Gál. 5:1).
PRIMEIRA PARTE
De
início quero registrar que me sinto em boa companhia ao adotar a dieta que Jesus usava. Na verdade,
não vejo como poderíamos escolher qualquer coisa melhor do que o que Jesus
escolheu para Si e para Seus discípulos. Ora, Jesus é o próprio Criador.
Conhece em detalhes cada elemento do reino vegetal, do reino animal e do reino
mineral, e sabe perfeitamente como funciona o cérebro humano, inclusive o Lobo
Frontal, tão citado pelos naturistas ao falarem de alimentação. Portanto, para
mim, o que Jesus ensinou sobre qualquer assunto, por preceito ou exemplo, eu
considero a última palavra. E sobre essa palavra eu baseio minha crença.
Qual Era a Dieta de Jesus?
Em
súmula, a dieta de Jesus era a mesma que Ele prescreveu ao povo de Israel. São
alimentos simples e saudáveis (como poderia Cristo determinar para Seu povo
alimentos que não fossem saudáveis?) que incluem principalmente abundância de
vegetais, grãos, cereais e frutas, como eram os alimentos no Éden antes do
pecado (Gênesis 1:29), e, complementados, depois da queda, por produtos de
origem animal como leite, ovos e carne de animais limpos, peixes, como consta
de Levíticos 11 e Deuteronômio 14: 4 a 21. E além de alimentos, a dieta de
Jesus incluía exercício físico, longas e constantes caminhadas, e práticas
espirituais de comunhão diária com Deus, que têm muito a ver com saúde também,
no sentido completo do termo.
Não
há nenhuma evidência de que Jesus se alimentasse diferentemente do que Seu povo
se alimentava enquanto esteve na Terra. Tudo indica que Ele participava dos
alimentos comuns da época ao caminhar com Seus discípulos pelas cidades e
lugarejos da região. No relato de Suas parábolas Ele confirma isso. É-nos dito
também que Ele comia, muitas vezes, com publicanos e pecadores. E certo dia Ele
participou de um banquete que, em Sua homenagem, Simão ofereceu. E em lugar
nenhum nos é dito que Jesus pediu que fosse preparado para Ele um cardápio
especial. Ele comia o que o povo comia, dentro das regras estabelecidas pela
Lei Levítica. Até o dia de hoje os judeus seguem as mesmas orientações
dietéticas dadas por Deus, e são um povo saudável e de grande capacidade
intelectual.
Palavra de Um Nutrólogo Cristão de Fama Internacional
Neste
título estamos nos referindo ao Dr. Don Colbert, médico e nutrólogo norte-americano,
autor do conhecido livro A Dieta de Jesus e de
Seus Discípulos.
Da página
de apresentação escrita pelo editor, extraímos os seguintes conceitos sobre
Jesus e Sua conduta a respeito de alimentação:
“Em todos os aspectos de Sua vida, Jesus foi um modelo
perfeito para qualquer ser humano. E, obviamente, isso incluía a alimentação.
De forma inteligente, Jesus se alimentava de cereais integrais, pão, água e
alimentos frescos com baixo teor de gordura ou sal, e alguns produtos de origem
animal, como era a alimentação dos judeus, e é por isso que, ainda hoje, a
dieta de Jesus continua grandemente apreciada – mesmo considerando-se todas as
opções modernas de alimentação, que, na maioria, não oferecem os nutrientes que
a dieta de Jesus oferecia. Na preparação de seu livro, o autor, Dr. Don
Colbert, foi buscar em nosso Fabricante, ou seja, nos ensinamentos de Deus e no
exemplo de Jesus Cristo, uma proposta para com o corpo e a alimentação.” – A Dieta de Jesus e de
Seus Discípulos, Editora Thomas Nelson
– Brasil, 2006.
O
historiador francês Henri Daniel – Rops (1901-1965) escreveu um interessante
livro intitulado A Vida Diária nos Tempos
de Jesus,
no qual encontramos algumas informações sobre os produtos alimentícios daquela
época. A seguir transcrevo alguns de seus dados, de forma resumida:
Não é difícil formar uma ideia a respeito de como as pessoas comiam
na época de Jesus. ... De modo geral, os israelitas dos dias de Cristo comiam
frugalmente, como o faz a maioria das nações do oriente até hoje. O pão era o alimento
essencial básico. ‘Comer pão’, ou ‘partir do pão’, entre os hebreus,
significava ‘fazer uma refeição’. ... Os pobres comiam pão de cevada; os ricos,
pão de trigo.
O leite e o mel (terra que mana leite e mel) eram muito
apreciados pelos hebreus. O leite de vaca era raro. O mais comum era o leite de
ovelhas e de cabras. ... O mel tinha ainda maior aplicação do que o leite,
sendo, na verdade, quase indispensável. As virtudes medicinais do mel, produto
louvado na Bíblia (Prov. 16:24; 24:13), eram conhecidas pela medicina da época.
...
A dieta do povo comum incluía grande variedade de
vegetais. Feijões e lentilhas ocupavam o primeiro lugar da lista. Cultivavam alguns
tipos de verdura, tais como alface, chicória, rúcula, etc. Usavam também muita
cebola, alho e pepinos e outros produtos da região.
Comiam pouca carne. Era considerada comida de rico. Era
usada principalmente em festividades e cerimônias religiosas, como a Páscoa.
Entre os mais pobres era mais usada a carne de cordeiro ou de cabrito. O famoso
‘bezerro cevado’ da parábola era para as grandes festividades, e só pelos mais
abastados. ... Toda a culinária deles era temperada com óleo de oliva, cominho
e outras ervas. Eram comuns as grandes plantações de oliveiras.
Para o povo comum, o peixe era o alimento mais usado e
acessível, devido aos grandes lagos da região. Era comida sempre presente na
mesa dos mais pobres. Quando já havia ressuscitado, Jesus apareceu aos
discípulos que estavam reunidos, e comeu “um pedaço de peixe assado” oferecido
por eles. – (Lucas 24: 41-43).
As frutas e castanhas tinham uma posição importante na
alimentação do povo. Eles comiam muito melão, figos, romãs, nozes, amêndoas,
tâmaras, damascos, etc. As frutas secas da Palestina eram famosas até em Roma. – Henri Daniel-Rops, A Vida Diária nos Tempos de Jesus, p.
227 – 243.
Em linhas gerais, eram esses os alimentos
usados nos dias de Jesus, e é desses alimentos que Ele participava com os
discípulos. A dieta de Jesus, pois, era composta de alimentos permitidos pela
Bíblia e comumente usados pelo povo judeu.
Nosso Objetivo
Neste
estudo, como afirmamos no início, queremos analisar um pouco a questão do regime alimentar à luz da
Bíblia, dos escritos de Ellen White e de pesquisas feitas na área de nutrição,
mas tendo sempre como fonte maior a Bíblia, nossa regra soberana de fé e
prática, como ensina a Igreja.
A
minha intenção como pastor é tentar dar alguns esclarecimentos a um grande
número de irmãos que passam a vida com sentimento de culpa, e com medo de
estarem perdendo a salvação por não seguirem alguns ensinos sobre alimentação
expostos por defensores de dietas estritas, além do que a Bíblia preceitua e
além do que Jesus usava.
Princípio versus
Prática
Penso
ser útil apresentar aqui o que o pastor Roger W. Coon, ex-diretor do Centro
White da Associação Geral, explica sobre a diferença entre princípio e prática.
“Princípio”, escreve ele, “é algo
imutável e que deve ser sempre obedecido. Já a prática, mesmo quando baseada em
princípio, pode mudar de acordo com as circunstâncias.”
Segundo o pastor Roger, regime alimentar, em
si, é uma prática. O princípio ligado a essa prática é a busca da boa saúde.
E,
para ilustrar, ele dá o seguinte exemplo:
“É óbvio que vegetarianismo não era um princípio com Cristo, ou com os
patriarcas, ou com os profetas, pois eles todos se alimentavam de carne. A
Páscoa requeria que o cordeiro fosse comido por toda a família. E isso por
orientação divina. Cristo e Seus discípulos comeram peixe na Galileia mais de
uma vez. E em assim fazendo, nenhum desses personagens cometeu pecado.” – Roger
W. Coon, Ellen White and Vegetarianism, p.
25, Pacific Press – EUA.
Um
exemplo prático em meu ministério: Quando fui pastor no Maranhão, visitei uma
igreja rural no interior do Estado, construída numa propriedade à beira de um
grande rio. E naquela ocasião os irmãos ali estavam em perplexidade, pois
haviam sido visitados, algum tempo antes, por representantes da Igreja
Adventista da Reforma, que lhes tinham ensinado que era pecado comer qualquer
tipo de carne, e que só alimento vegetariano era permitido pelo Espírito de
Profecia. Ao estar com esses bons irmãos me dispus a tratar do assunto com
eles. Durante as reuniões do sábado, então, de manhã e à tarde, estudamos
juntos, na igreja, a questão alimentar à luz da Bíblia e dos livros de Ellen
White, e procurei mostrar-lhes que o objetivo da reforma da saúde era promover melhor
saúde, e não somente uma questão de proibir este ou aquele alimento, ou de
obter méritos para a salvação. Mostrei-lhes, pois, que ali para eles que
habitavam à beira de um grande rio, e onde havia escassez de outros alimentos
devido à muita pobreza da região, a atitude correta era complementar as suas
refeições com os peixes limpos do rio. Nossos irmãos compreenderam, então, qual
era o objetivo da reforma da saúde, e voltaram a ter os peixes do rio como uma
fonte de alimento nutritivo para eles e seus familiares, como nos tempos de
Jesus.
Perguntamos
agora:
1)
– Nesse caso, qual era o princípio a ser considerado?
Reposta:
Buscar a melhor saúde possível.
2)
- Qual era a melhor prática ali para cumprir esse princípio?
Resposta:
Usar como alimento os peixes limpos do rio, além dos outros poucos produtos alimentícios
existentes na região.
3)
- Qual seria a atitude equivocada?
Resposta:
Não usar os peixes, e as pessoas ficarem doentes por desnutrição.
Eis
o que ensina Ellen White sobre casos como esse:
“Alguns não podem obter os
alimentos mais desejáveis, e em lugar de usar aqueles que melhor lhes supririam
a falta, adotam um regime pobre. Sua alimentação não fornece os elementos
necessários a formar um bom sangue. A saúde sofre, é prejudicada a sua utilidade,
e seu exemplo testifica mais contra a reforma dietética do que a favor.” – Conselhos
Sobre o Regime Alimentar, p. 197.
Um parêntese: Ainda
nesta semana, enquanto escrevo este artigo, mais de 40 anos depois daquela
minha visita à igrejinha do Maranhão, recebi um telefonema do irmão Hilton
Almeida, que naquela ocasião era o líder daquela igreja à beira do rio, e agora
está com 96 anos de idade, e sua esposa com 92, e atualmente moram em Belém do
Pará. Tudo indica que a dieta que incluiu peixes foi benéfica para eles, pois,
com essa avançada idade estão ainda com boa saúde.
A
BÍBLIA: NOSSA BASE DE FÉ E PRÁTICA
Em assunto de alimentação, como em
todos os assuntos básicos da vida cristã, a Bíblia deve ser a insubstituível
fonte de fé e prática. É o que preceitua Ellen White. Diz ela: “Mas Deus terá sobre a Terra um povo que
mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de
todas as reformas.” – O Grande Conflito, p. 595. Notem nesta declaração
a palavra “reforma”, ou, “todas as reformas”. – Isso, por certo, inclui a
reforma de saúde.
Mas, a
verdade é que tanto no tempo de Ellen White, como agora, mesmo entre cristãos
fiéis e sinceros, há bastante divergência a respeito da questão alimentar.
Haveria da parte da irmã White algum conselho sobre como desfazer essas dúvidas?
Sim, há. Eis suas orientações:
1. “A Palavra de Deus é o grande detector de
erros; creio que a ela devemos levar todas as coisas. A Bíblia deve ser nossa norma de cada doutrina e
ensino. ... Não podemos aceitar nenhuma opinião sem antes compará-la com o que
dizem as Escrituras. Aqui está a divina autoridade, que é suprema em matéria de
fé. Ela é a Palavra do Deus vivo que deve decidir todas as controvérsias.” - The
Ellen G. White 1888 Materials, p. 44 and 45 – (Adventists Afirm, vol. 14, n. 3,
p. 24).
2. “A Bíblia deve ser apresentada como a Palavra
do Deus infinito, como termo de toda polêmica e fundamento de toda fé.” –
Parábolas de Jesus, p. 39 e 40.
3. “Os que almejam êxito na proclamação dos
princípios da reforma de saúde devem fazer da Palavra de Deus seu guia e
conselheiro.” – Testemunhos, v.9, p. 162.
4. “Tomo a Bíblia tal como ela é, como a
Palavra inspirada. Creio nas declarações de uma Bíblia inteira.” – Mensagens
Escolhidas, vol. 1, p. 17.
Não pretendemos discutir aqui as
qualidades ou defeitos dos vários tipos de regime alimentar que existem no
mundo. Queremos apenas mostrar o que a Bíblia ensina sobre este tema, mas a
Bíblia toda, do Gênesis
ao Apocalipse; e como Ellen White exemplificou, na prática, no seu dia a dia,
esses ensinos. E de acordo
com esses parâmetros cada crente deve posicionar-se, com inteligência e bom
senso.
A DIETA
EDÊNICA: AINDA EM VIGOR?
A
primeira menção bíblica a respeito de alimentação refere-se ao tempo anterior à
entrada do pecado, e é a que se encontra em Gênesis 1:29: “E disse Deus: Eis que vos tenho dado todas
as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a Terra, e todas as
árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será como mantimento.”
Essa é a denominada “dieta edênica”,
que alguns defendem estar ainda em vigor em sua plenitude, não levando em conta
toda a degenerescência do mundo vegetal e animal depois da entrada do pecado.
Sobre essa interpretação, eis o
comentário do Dr. Silmar Cristo, médico adventista versado em assuntos de
nutrição, e colunista da Revista Adventista:
“Entre os diferentes grupos que buscam a
dieta perfeita estão os que defendem a ‘dieta edênica’ como padrão dietético
para nossos dias, alegando que a dieta originalmente dada a Adão e Eva é válida
para nosso tempo. Porém, uma análise dessa proposta não resiste nem o escrutínio
teológico nem o científico. ... É impossível ter uma dieta perfeita neste mundo
imperfeito, em que os seres humanos e toda a criação sofrem as consequências do
pecado – ‘Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta
angústias até agora.’ - Romanos
8:22. Além do mais a dieta edênica
original continha o fruto da árvore da vida, ao qual não temos acesso desde a
entrada do pecado.” - Revista Adventista, julho de 2015.
É
verdade, também, que, em geral, mesmo nos regimes que incluem carne e outros
produtos de origem animal, regimes esses chamados de onívoros, a parte
principal da alimentação é constituída de vegetais, tais como cereais, grãos,
frutas, verduras, castanhas e outros produtos do reino vegetal. Os nutrientes
de origem animal, determinados pelo próprio Criador a Seu povo, como mencionado
em Levíticos onze, são uma complementação da dieta original.
A
grande questão é: Que dieta seguir hoje, levando em conta a degradação que teve
lugar em toda a Natureza?
Em
busca de um regime alimentar que se coadunasse com os ensinos bíblicos, e tendo
vivido durante o meu ministério nas mais variadas regiões de nosso país, com
costumes e práticas alimentares diferentes entre si, chegamos à conclusão de
que a posição mais equilibrada para a boa saúde seria a dieta de Jesus. Jesus é
nosso exemplo maior em todas as coisas referentes à vida cristã.
Escreveu
Ellen White: “Vós
professais ser discípulos de Cristo; estudai vossa Bíblia. Lede cuidadosamente e
com oração o relato da vida de nosso querido Salvador ao viver entre os homens sobre
Terra. Imitai Seu viver, e não vos encontrareis desviados do caminho estreito.” – Testemunhos, vol. 2, p. 118 e 119.
E
lembremos aqui, que tanto no mundo animal, como no mundo vegetal, houve
deterioração ao longo dos séculos de pecado, desde a queda de Adão. Escreveu
Ellen White: “Desde a
queda tem havido um aumento rápido de doenças, sofrimento e morte.” – Testemunhos,
vol.3, p. 162-163. E nos tempos de Jesus essa deterioração já estava, pois,
ocorrendo havia quatro mil anos. E hoje, ainda mais degradada está a Natureza,
com pragas, doenças, manipulações, produtos tóxicos e outros males. Mas esses
males abrangem tanto o mundo animal como o vegetal. Devemos usar, pois, o bom
senso e os melhores recursos higiênicos e dietéticos possíveis, para tratar da
melhor maneira o nosso organismo, que é um templo sagrado, como afirma a
Bíblia. Mas devemos levar em conta que neste mundo caído não teremos mais nada
perfeito, até a sua renovação, na volta de Jesus.
Em
seguida, vejamos o que Jesus ensinou por parábolas e exemplo sobre alimentação,
pois, o que Ele ensinou sobre esse assunto podemos considerar como sendo do Manual
do Fabricante.
JESUS E
SEUS ENSINOS
Em
qualquer dieta alimentar, exceto nas regiões árticas, os produtos vegetais são
a parte mais importante. Mas, é comum também a presença de alimentos de origem
animal na maioria das populações do mundo.
Notemos,
agora, algumas referências bíblicas de como Jesus abordou o assunto da
alimentação:
1)
A Parábola do Filho
Pródigo
- O pai, na parábola, é a representação do próprio Deus. O filho transviado
voltou ao lar depois de desiludir-se do mundo. E o pai o recebeu com grande
alegria, e preparou uma festa para a recepção do filho. E em que consistiu a parte
alimentar da festa?
Vamos ler: “E o pai disse a seus servos: Trazei depressa o melhor
vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e alparcas nos pés; e trazei o
bezerro cevado e matai-o; e comamos e alegremo-nos.” – Lucas 15: 22 e 23. Notem aí o “bezerro cevado”, incluído no
cardápio da festa.
2)
Peixe e Ovo: Boas Dádivas – Vejam este outro
ensino de Jesus: “Qual o pai dentre vós
que, se o filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também se lhe pedir peixe,
lhe dará uma serpente? Ou também se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se
vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o
Pai celestial o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem.” – Lucas 11: 11-13.
Peixe e ovo, neste texto, são considerados “boas
dádivas”, no dizer de Jesus. No vegetarianismo estrito, esses alimentos são
rejeitados, independentemente de sua qualidade.
3)
A Multiplicação dos Pães
e Peixes –
O milagre da multiplicação dos pães e peixes foi realizado por Jesus duas
vezes, em ocasiões diferentes. E em cada uma dessas ocasiões mais de cinco mil
pessoas foram alimentadas. Se Jesus achasse por bem dar ênfase ao
vegetarianismo estrito, essas teriam sido duas ótimas oportunidades. Ele
poderia ter multiplicado só os pães, que eram a parte vegetal, mas não o fez.
Não é significativo esse fato? As duas multiplicações dos pães e peixes estão
relatadas em Mateus 14:13-21 e em Mateus 15: 29 a 38. Para mim, só esse
fato da vida de Jesus já é suficiente para nos dar a certeza de que alimentos
de origem animal são lícitos e proveitosos para a saúde, com o devido cuidado
de serem escolhidos da melhor qualidade e usados com a devida moderação.
4)
A Pesca Maravilhosa – Após a Sua
ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos junto ao mar de
Tiberíades e, sob Suas orientações, os discípulos conseguiram
fazer uma extraordinária pesca. Parece-nos muito sugestiva esta cena de Jesus e
Seus discípulos à beira do mar. Notem o relato sagrado: “Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que acabastes de
apanhar. Simão Pedro entrou no barco e puxou a rede para a terra, cheia de
cento e cinquenta e três grandes peixes, e, não obstante serem tantos, a rede
não se rompeu. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. ... Chegou, pois, Jesus, e tomou
o pão e lhes deu, e, de igual modo, o peixe. E já era a terceira vez que Jesus
Se manifestava aos discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.” – João 21:10 - 14. Não é significativo este relato?
5) Antes de Sua Ascensão ao Céu – Este
acontecimento é assim descrito em Lucas 24: 36-43: “E falando
eles destas coisas, o mesmo Jesus Se apresentou no meio deles e disse-lhes: Paz
seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum
espírito. E Ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais
pensamentos aos vossos corações? ... E não o crendo eles ainda por causa da
alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que
comer? Então eles apresentaram-Lhe parte de um peixe assado e um favo de mel. O
que Ele tomou, e comeu diante deles.”
E
diz o relato bíblico que logo depois Jesus “levou-os
fora até Betânia; e, levantando as Suas mãos, os abençoou. E aconteceu que
abençoando-os Ele, Se apartou deles e foi elevado ao Céu.” – Lucas 24: 50 e 51.
Esse
foi o último encontro de Jesus com os discípulos e, possivelmente, sua última
refeição aqui na Terra. Parece-nos bastante sugestivo em questão alimentar. E
além desse relato sobre o uso de peixes como alimento por parte de Jesus, devemos
lembrar que Ele, como fiel israelita, também participava, a cada ano, do
cordeiro preparado para a cerimônia da Páscoa, em sua casa, com José, Maria e
Seus irmãos. E em assim fazendo, Ele não estava transgredindo nem a lei moral,
nem as leis naturais, pois Ele era perfeito em tudo.
Eis o que diz Ellen White a esse respeito: “Durante toda a vida Jesus viveu em conformidade com as leis
da Natureza. Física, assim como espiritualmente, Jesus foi um exemplo do que
Deus designara que fosse toda a humanidade, mediante a obediência às Suas leis.” – O Desejado de Todas
as Nações, p. 50 e 51.
Creio
que esses textos são suficientes para revelar qual era o sistema alimentar de
Jesus, que era o mesmo que Ele havia dado no Éden, e depois acrescido do que
Ele prescreveu em Levíticos 11 ao povo de Israel. E se Ele assim determinou é
porque viu razão para isso. E quem somos nós para discordarmos dEle?
RELATOS NO VELHO TESTAMENTO
A Bíblia descreve também vários eventos
envolvendo pessoas e práticas alimentares no Velho Testamento, e, em alguns
desses episódios, com a orientação pessoal do próprio Deus.
Passemos a focalizar alguns desses
relatos:
1)
–
No Jardim do Éden – Por ocasião da
Criação, ao estabelecer as primeiras práticas de vida para o casal edênico,
encontramos, como já afirmamos, o seguinte relato: “E disse
Deus: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na
superfície de toda a Terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente;
isso vos será para mantimento.” – Gên. 1:29.
Não olvidamos essa
providência de Deus para a alimentação do homem. Mas, com a entrada do pecado e
a consequente degeneração da Natureza, inclusive no mundo vegetal, Deus achou
por bem determinar algumas outras provisões para a alimentação do ser humano. É
verdade que essa providência extra de Deus é provisória, e estará em vigor
enquanto vivermos nesta fase da história do mundo. Na Nova Terra voltaremos ao
estado original em todas as coisas, inclusive no que respeita à alimentação. Lá
também não haverá mais hospitais, nem médicos, nem remédios, nem dentistas e
nem muitas outras coisas que hoje são necessárias e úteis.
2)
–
Primeira Menção a Animais Limpos – “Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa,
porque reconheço que tens sido justo diante de Mim no meio desta geração. De
todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos
animais imundos, um par: o macho e sua fêmea.” – (Gên. 7: 1 e 2). Essa é a primeira
vez que aparece essa classificação de animais limpos e animais imundos na
Bíblia.
3)
–
Abraão e os Anjos – Em Gênesis há também
o relato de três anjos que visitaram Abraão (um deles, conforme afirma Ellen
White, era o próprio Senhor Jesus), e Abraão ofereceu a eles uma refeição
baseada em “carne de novilho, pão
assado no borralho, leite e coalhada”. E a Bíblia diz textualmente: “E pôs tudo diante deles, e permaneceu de pé junto a eles,
debaixo da árvore; e eles comeram.” – (Gên. 18:1-8). Não deixa de ser revelador
este episódio ao analisarmos este tema. Eram representantes celestiais que
vieram para uma missão junto a Abraão.
4)
- O Cordeiro da Páscoa – Êxodo 12: 1-28.
A Páscoa foi a cerimônia mais importante do povo de Israel desde a saída do
Egito até a morte de Jesus. Pois o cordeiro que era morto e comido por todas as
famílias do povo de Deus, a cada ano, representava o próprio Jesus. No verso 8
lemos: “Naquela noite, comerão a carne assada no
fogo, com pães asmos e ervas amargas comerão.” E notem que essa cerimônia foi
instituída pelo próprio Deus. E o uso da carne de cordeiro nesse caso não se
justifica só por ser para uma cerimônia sagrada, pois, segundo a Lei Levítica,
esse uso foi permitido por Deus como alimento normal para Israel, e não somente
para fins religiosos.
5)
- O Caso das Codornizes – Seria esse
episódio, descrito no capítulo 11 de Números, evidência de que Deus desaprovava
o consumo de carnes limpas em geral, incluindo a de codornizes? Se assim fosse,
Deus não teria dado as orientações de Levíticos 11 que especificam os animais
limpos, permitidos para alimento, e animais imundos, impróprios para alimento.
Diz o texto bíblico: “Pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e disseram:
Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos
de graça, e dos pepinos, e dos melões, e das cebolas e dos alhos. Mas agora a
nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante de nossos olhos.” – Números 11: 4-6. E
no versículo primeiro do mesmo capítulo, lemos:
“E aconteceu que, queixando-se o povo, era
mal aos ouvidos do Senhor; porque o Senhor ouviu-o e a Sua ira se acendeu, e o
fogo do Senhor ardeu entre eles.”
O pecado que levou o povo a sofrer o castigo de Deus,
pois, foi a murmuração, e não as codornizes em si, e nem os demais produtos
mencionados, pois todos esses alimentos eram permitidos por Deus.
6) - Deus
Determina os Animais Limpos Como Lícitos para Alimentação - “Falou o Senhor a Moisés e a Arão dizendo-lhes: Dizei aos
filhos de Israel: São estes os animais que comereis de todos os quadrúpedes que
há sobre a terra.”
– Levíticos 11: 1 e 2.
E nos demais versículos
deste capítulo Deus especifica os tipos de animais próprios para alimentação, e
os que não servem para alimento. E Levíticos 11 termina com as seguintes
palavras:
“Eu sou o Senhor que vos faço subir da terra do Egito, para
que Eu seja vosso Deus; portanto vós sereis santos, porque Eu sou santo. Esta é
a lei dos animais, e das aves, e de toda alma vivente que se move nas águas, e
de toda criatura que povoa a terra, para fazer diferença entre o imundo e o
limpo e entre os animais que se podem comer e os animais que se não podem comer.” – Versos 45 a 47.
E quem teria sido esse “Senhor” que falou a Moisés nessa ocasião?
Foi o próprio Jesus, o Filho de Deus. Notem esta passagem bíblica: “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram
todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados na
nuvem e no mar. E todos comeram dum mesmo manjar espiritual. E beberam todos
duma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia: e
a pedra era Cristo.”
– 1 Coríntios 10: 1-4.
Segundo a Bíblia, pois, foi o próprio Jesus quem
esteve guiando o povo de Israel desde o Egito até à Terra prometida, e dando a
eles todas as orientações. Jesus Cristo, pois, é a figura central da Bíblia, o autor
de todas as prescrições divinas a Seu povo, do Gênesis ao Apocalipse.
7) – O Profeta Elias e o Alimento Trazido pelos Corvos - Este é um relato bastante significativo, pois
se trata de alimentos enviados diretamente por Deus a um de Seus profetas, de
forma milagrosa, e ainda com o detalhe de que esse profeta estaria sendo
transladado para o Céu pouco tempo depois.
Vamos ler: “Então Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a
Acabe: Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou,
nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra.
Veio-lhe a
palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, vai para a banda do oriente e
esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira do Jordão. Beberás da
torrente, e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem.
Foi, pois, e fez segundo
a palavra do Senhor: retirou-se e habitou junto à torrente de Querite,
fronteira do Jordão. Os corvos lhe traziam pela manhã pão e carne, como também
pão e carne ao anoitecer; e bebia da torrente.” – 1 Reis 17:1-6. Este é
um episódio que dispensa comentário, de tão claro que é. E notem que o “pão e
carne” não foi por falta de outros alimentos, pois Deus poderia enviar qualquer
outro alimento se assim o quisesse.
8) – O Que
Dizer de Daniel? - Daniel e seus
três companheiros foram levados cativos para Babilônia. E logo depois de
chegarem, foram escolhidos para fazer parte do grupo de elite do rei, pelas
suas qualidades intelectuais, físicas e morais. Deviam, pois, participar dos
privilégios do palácio, entre os quais era comer da comida que era servida ao
rei. Mas aí surge o problema. Esses jovens haviam sido criados por seus pais
conforme os ensinos da Palavra de Deus, inclusive quanto à alimentação, a Lei
Levítica. E a alimentação do rei não se coadunava com os seus princípios
alimentares. E, especificamente, qual era o problema? Seria porque eles não
comiam, habitualmente, carne nenhuma? Ellen White nos diz qual foi a razão da
recusa, e a opção por ficarem só com os alimentos vegetais, naquela
circunstância. Eis sua declaração:
“Entre as viandas que se
serviam ao rei estavam a carne de porco e outros alimentos declarados impuros
pela lei de Moisés, e terminantemente proibidos aos hebreus como alimento. ...
Daniel não hesitou muito. Decidiu firmar-se em sua integridade, fosse qual
fosse o resultado. Ele resolveu firmemente não contaminar-se com as finas
iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia.”’ – E.G.White,
Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 30.
Por essa razão (a mistura de alimentos puros e
impuros na comida do rei) Daniel e seus companheiros solicitaram ao mordomo do
rei que lhes desse apenas vegetais para comer e água para beber.
Pergunta: Então, Daniel não era vegetariano
costumeiramente? - Resposta: Não era. Vejam o que é relatado em seu livro,
quando ele já estava como primeiro-ministro do império Medo-Persa: “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas.
Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me
untei com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras.” – Daniel 10:3. – (Leia
o contexto deste versículo em Daniel 10: 1-9).
É óbvio,
pois, que se ele disse que durante três semanas não comeu carne, é porque antes
e depois dessas três semanas a carne fazia parte de sua alimentação.
O APÓSTOLO
PAULO E A QUESTÃO ALIMENTAR
A questão do uso de certos alimentos por parte
dos crentes de Corinto e de Roma levou o apóstolo Paulo a dar alguns conselhos
sobre o assunto, para evitar dissensões entre eles. O problema surgido não era
sobre carnes limpas ou imundas, pois, nesse ponto todos estavam de acordo com a
Lei Levítica. A questão era sobre o uso de carnes que eram oferecidas aos
ídolos pelos pagãos, antes de serem vendidas nos açougues. Alguns dos crentes
achavam que podiam usar essas carnes porque “o ídolo nada é”. Mas, outra parte deles achava o contrário.
Eram contra o uso dessas carnes oferecidas aos ídolos. E foi então que Paulo
procurou resolver essa controvérsia entre eles dando alguns conselhos para
desfazer o impasse.
A seguir, colocamos algumas orientações de Paulo
sobre a questão, pois, mesmo o problema não sendo sobre carnes limpas e
imundas, mas sobre carnes oferecidas aos ídolos, suas instruções aos crentes de
Corinto e de Roma são oportunas também para nós, ao tratarmos da questão
alimentar e da reforma de saúde.
Eis, em súmula, o que Paulo aconselhou:
1)
“No tocante a comidas sacrificadas a ídolo, sabemos, que o
ídolo, de si mesmo, nada é no mundo, e que não há senão um só Deus.” – 1 Cor. 8:4.
2)
“Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada
perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos.” – 1 Cor. 8:8.
3)
“Quem come não despreze o que não come; e o que não come não
julgue o que come, porque Deus o acolheu.” – Romanos 14:3.
4)
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça,
e paz, e alegria no Espírito Santo.” – Romanos 14:17.
Tenhamos, pois, consideração uns
pelos outros nessa questão de dieta. Se estamos seguindo o que a Palavra de
Deus nos ensina, estaremos em terreno seguro, mesmo que em alguns detalhes
menores divirjamos.
SEGUNDA
PARTE
A REFORMA
DE SAÚDE E OS ADVENTISTAS NO SÉC. XIX
Com o título acima, o Dr. Ronald D.
Graybill, professor de História da Universidade Adventista de Loma Linda,
Califórnia, apresenta um breve e interessante histórico sobre a reforma de
saúde, movimento que surgiu nas primeiras décadas do séc. XIX entre vários
círculos reformadores da época, antes mesmo de a Igreja Adventista ter tomado
alguma posição sobre o assunto, e antes de Ellen White ter recebido sua
primeira visão sobre o tema.
José Bates, que depois se tornou
adventista, foi um dos reformadores de saúde da época, e defensor do
vegetarianismo, mesmo antes de ser adventista e de ter ouvido falar de
Guilherme Miller ou de Ellen White.
Em 1853, Russel Trall, também não-adventista,
um dos principais reformadores de saúde na época, em face dos mais
desencontrados escritos sobre saúde que surgiam naqueles tempos ele escreveu o
seu livro Hydropathic Cook Book, e foi de livros como este que os adventistas
obtiveram seus primeiros conhecimentos sobre culinária e nutrição.
Em 1863 Ellen White teve sua primeira
e principal visão sobre reforma de saúde, através da qual procurou corrigir
algumas ideias errôneas que os adventistas haviam aprendido da literatura de
alguns reformadores não-adventistas de então. E os pontos principais de sua
visão Ellen publicou numa série de artigos intitulados Health: or How to Live, e, depois, com mais
detalhes, em seu livro Spiritual Gifts, vol. 4, p. 120 a 151.
Pensei, pois, ser oportuno colocar
aqui os principais pontos da visão de Ellen White sobre reforma de saúde, uma
vez que há um desconhecimento generalizado do que ela escreveu sobre aquela
visão, o que causa, muitas vezes, confusão e interpretações equivocadas.
Descrevendo, em resumo, os
principais pontos da visão de Ellen, o pastor Herbert Douglass, no seu livro Mensageira do Senhor, publicado pela
Review and Herald e pela Casa Publicadora Brasileira, explica que a visão tratava,
especialmente, dos seguintes temas:
1.
Abandono do uso da carne
de porco e de outros animais impuros - (Até aquela data, 1863,
os adventistas usavam carne de porco e de outros animais proibidos pela Bíblia,
pois criam que a Lei Levítica havia sido abolida na cruz com as leis cerimoniais).
2.
Abandono do uso de fumo – (Até ali os membros da
Igreja não eram proibidos de usar cigarro).
3.
Abstinência de bebidas alcoólicas e
narcóticos
– (Até aquele tempo os membros da igreja usavam bebidas alcoólicas livremente).
4.
Evitar ao máximo o uso de
carne, pois os animais estão cada vez mais doentes.
5.
Uso abundante de
verduras, frutas, grãos e castanhas.
6.
Exercício físico regular.
7.
Estrito asseio do corpo,
da casa e de seus arredores.
8.
Alimentação em horários
regulares.
9.
Uso abundante de água.
10. Repouso em horários
regulares
– (Com tempo suficiente para o devido descanso).
11. Manter em tudo o
princípio da temperança – (Abstinência do que é nocivo e uso judicioso do que é
permitido).
12. Confiança em Deus – (Prática diária de
comunhão com Deus, oração e leitura da Bíblia).
Fonte: Herbert Douglas,
Mensageira do Senhor, p. 283 e 284.
Em resumo, é disso que trata essa
visão de Ellen White, que é válida para nossos dias também.
Compreendendo
Algumas Aparentes Divergências
No caso dos vários escritos de Ellen
White sobre um assunto, às vezes com aparente discrepância entre eles, o pastor
Denton E. Rebok, autor do livro Crede Em
Seus Profetas, publicado pela Review and Herald e pela Casa Publicadora
Brasileira, procura dar uma explicação que ajuda a nossa compreensão. Esclarece
ele:
“Devemos ler tudo quanto a Sra.
White escreveu sobre qualquer aspecto da reforma da saúde antes de estarmos
habilitados a falar com autoridade quanto ao que ela ensinou exatamente ou
advogou. Isso se torna mais claro à medida que lidamos com questões como, por
exemplo, o uso de ovos, leite, manteiga, queijo, carne e coisas semelhantes.” –
Crede em Seus Profetas, p. 174 – 1ª
edição.
Em seguida o pastor Rebok mostra que
muitas das declarações de Ellen White sobre um assunto podem ser divididas em diferentes
grupos: Declarações para casos especiais; declarações que mostram o outro lado
do assunto; declarações como regra geral.
E
o pastor Rebok explica:
“Apliquemos esse princípio à questão
relativa ao uso de ovos. No volume dois dos Testemunhos, p. 400, lemos: ‘Não devem ser postos ovos em vossa mesa.’
“Não dando atenção ao contexto desta
declaração, parece que ela abrange tudo, e então alguns dentre nosso povo
dizem: Portanto não devemos comer ovos.
“Naquele segundo grupo de
declarações leio isto: ‘No caso de pessoas cujos
órgãos produtores de sangue são fracos – especialmente se não podem obter
alimentos que forneçam os elementos necessários – leite e ovos não deviam ser
de todo abandonados.’” – A
Ciência do Bom Viver, p. 275.
Abro aqui um parêntese: Eis
o que Ellen aconselhou em um de seus escritos posteriores sobre a importância
dos ovos como alimento: “Se bem que tenham sido
dadas advertências quanto aos perigos de doenças mediante uso de manteiga, e o
mal de abundante uso de ovos por parte de crianças pequenas, todavia não
devemos considerar violação de princípios usar ovos de galinhas bem tratadas e
devidamente alimentadas. Os ovos contêm propriedades que são agentes medicinais
para neutralizar certos venenos.” – Testemunhos, vol. 9, p.
162.
E, de novo, o Pr. Rebok: “Irmãos e
irmãs, apelo para vós uma vez mais: Certifiquemo-nos de possuir todos os dados,
todo o corpo de instruções, antes de proferirmos um juízo sobre alguém.” – Denton
E. Rebok, Crede Em Seus Profetas,
p. 175, 176 – 1ª edição.
E noutra ocasião, Ellen deu o
seguinte conselho a respeito de seus escritos: “Quanto aos
testemunhos, coisa alguma é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o
lugar, porém, têm que ser considerados.” – Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 57.
E o pastor Rebok, no mesmo livro, descreve
um exemplo de como Ellen salvou a vida de um fiel adventista que estava para
morrer por causa de suas sinceras, mas equivocadas, práticas alimentares.
Eis o seu relato:
“O Dr.
Daniel Kress, na Austrália, no ano de 1901, era mui cuidadoso observador da
reforma pró-saúde, e, em todos os sentidos, um belo e real cavalheiro cristão.
Adotara, porém, um ponto de vista extremado quanto à reforma nesse sentido da
saúde, caindo assim numa séria anemia. O Dr. Kress ia decaindo muito
rapidamente, e suas perspectivas de vida iam-se tornando um tanto incertas. A
Sra. White, que se achava na Califórnia, recebeu uma visão em que lhe foi
revelado o estado do Dr. Kress, e as razões de sua saúde desequilibrada. Ele
não usava carne, e abandonara também os ovos, o leite, a manteiga e o queijo.
Em visão, foi mostrado à Sra. White que ele devia voltar aos produtos de leite,
e que devia usar ovo cru em suco de uvas todo dia, pois isto lhe salvaria a
vida. Ao contar a história, o Dr. Kress disse que ficara de todo surpreendido
ante tal instrução da parte da Sra. White. Seguiu, porém, o conselho,
desviando-se de sua extremada interpretação da reforma pró-saúde, e recuperou a
saúde. Serviu à causa de Deus por cerca de cinquenta anos depois disto.” – Denton E. Rebok, Crede Em Seus
Profetas, p. 177 e 178 – 1ª edição.
ELLEN
WHITE: REFORMANDO SUA ALIMENTAÇÃO
Após sua primeira visão sobre saúde,
1863, Ellen passou a efetuar uma reforma em sua alimentação, pois, até aquela
ocasião ela diz ter sido “uma grande comedora de carne". – CSRA, p. 483. Dessa
época em diante, ela passou a usar mais cereais, verduras, frutas e castanhas,
e, também, ovos e leite. Após essa decisão ela só usou carne esporadicamente,
principalmente em viagem. No entanto, só tomou a decisão mais definitiva do
abandono completo da carne, numa reunião campal realizada na cidade de Brighton
(presumivelmente na Austrália), em 1894. Nessa campal o tema principal foi a
importância da temperança no combate aos vícios do alcoolismo, dos narcóticos,
do tabagismo, e em defesa do vegetarianismo. Essa era uma campanha nacional
levada a efeito por uma plêiade de mulheres cristãs de várias igrejas
evangélicas, presentes nessa reunião, para cuja campanha Ellen, e seu esposo
Thiago, deram sempre todo o apoio, e participavam ativamente de suas reuniões.
(Ellen G. White, Temperança, p. 222).
Em 1895 Ellen faz referência a essa
reunião dizendo: “Desde a reunião campal de
Brighton (janeiro de 1894) bani absolutamente a carne de minha mesa.” – Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, p. 488.
Durante alguns anos, quando Ellen já
não viajava frequentemente, ela possuía uma chácara, onde morava. E
referindo-se a este tempo, ela relata: “Temos uma
família grande, que chega muitas vezes a dezesseis pessoas. Há nela homens que
trabalham no arado e que derrubam árvores.” – Ibid, p. 488 - Ano 1896.
E Ellen relata que esses
trabalhadores, em serviço mais pesado, pediam a ela que colocasse alguma carne
no cardápio para, segundo eles, fortalecer um pouco mais as refeições. – (Ibid,
p. 489). Ela os atendeu, durante algum tempo, até essa data de 1894 quando
afirma ter banido “definitivamente de sua mesa o alimento cárneo.” Mas leite e
ovos, bem como peixe, ela continuou usando, conforme dados abaixo apresentados.
A seguir, eis alguns dos relatos de
Ellen sobre o uso de alimentos de origem animal, ao longo dos anos, e alguns de
seus conselhos sobre o assunto:
1. Usei Carne Algumas Vezes
“Melhor nunca usar carne, do que usar a carne de animais que
não sejam sadios. Quando não me foi possível obter o alimento de que
necessitava, comi um pouco de carne algumas vezes.” – E.G.White, Conselhos
Sobre o Regime Alimentar, p. 394 – (Ano 1890).
2. Em Alguns Casos É Melhor Usar Carne
“O regime cárneo não é o mais saudável, e, todavia, eu não
tomaria a atitude de que ele deva ser rejeitado por toda pessoa. Os que têm
fracos órgãos digestivos podem, muitas vezes, comer carne, quando não lhes é
possível ingerir verduras, frutas e mingaus.” – E.G.White, Ibid., p.
394, 395 – (Ano 1894).
3.
Usando Peixe
Em 1896 escreveu Ellen: “Uso peixe quando posso obtê-lo. Pegamos belos peixes no lago
de água salgada daqui.”
– Mensageira do Senhor, p. 315, Casa Publicadora Brasileira.
4.
Encomenda de Peixes
Em 1882 Ellen escreveu à sua nora
Mary Kelsei, que morava na Califórnia com seu esposo Willie, e fez o seguinte
pedido: “Se você puder conseguir uma boa caixa de
arenques (peixes) frescos, por favor, traga para nós. Os últimos que Willie
trouxe estavam amargos.” – Carta 16 (Maio,
31, 1882); Ellen White and Vegetarianism, p. 19.
5. O Uso de Bacalhau
Estando Ellen trabalhando a serviço
da Igreja em Avondale, Austrália, em 1895, e sendo ela a orientadora da
alimentação dos que trabalhavam na construção do colégio, ela escreveu a seu
filho Willie, que ia viajar para lá, o seguinte: “Se você
fizer a gentileza de obter para nós bacalhau e outros tipos de peixes secos,
não enlatados, isto dará melhor sabor ao alimento.”- Mensageira do Senhor,
p. 462 e 463.
6.
Caldo de Galinha para Um
Vizinho
Este é um exemplo
interessante que mostra como Ellen era equilibrada com respeito à alimentação.
Ela mesma relata o seguinte episódio:
“Certa ocasião Sara
McEnterfer [minha secretária ], foi chamada para visitar uma família em Dora
Creek, onde todos os membros da casa estavam doentes. O pai pertencia a uma
família altamente respeitável, mas dera para beber, e a esposa e os filhos
estavam em grande necessidade. Nesse tempo de doença, não tinham em casa coisa
alguma apropriada para comer. E recusaram-se a comer tudo que lhes levamos.
Estavam acostumados a comer carne. Concluímos que alguma coisa se devia fazer.
Eu disse à Sara: Apanhe umas galinhas do meu galinheiro, e prepare-lhes um
caldo. E, então, logo se restabeleceram.” – E.G.White, Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, p. 466 – (Ano 1907).
Tempos depois esta família se tornou adventista.
7.
Quanto ao Uso do Leite
Escreveu Ellen no ano de 1901: “Alguns dizem que o leite também deve ser abandonado. Este é
um assunto que deve ser tratado com cuidado. Há famílias pobres, cujo regime
consiste de pão e leite e, caso consigam, um pouco de fruta.” – Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, p. 205.
8.
Vacas em Sua Chácara
Em 1894 Ellen escreveu: “Temos abundância de bom leite, frutas e pão.” – Ibid., p. 488.
E em 1903 ela escreveu: “Temos duas vacas leiteiras, uma Jersey e uma Holandesa.
Usamos nata, e todos estão satisfeitos com isso.” – Ibid., p. 490.
Em outra ocasião ela advertiu: “Já vi vários casos de doenças de cura dificílima devidos a um
regime insuficiente. As pessoas assim doentes não foram levadas pela pobreza a
adotar um regime insuficiente, mas isso fizeram para executar ideias errôneas
acerca do que constitui a reforma pró-saúde.” – Conselhos Sobre Saúde, p.
155.
Virá o Tempo
de Abandonar o Leite e os Ovos? – “Talvez”
Em 1901, Ellen escreveu: “Alguns, porém, dizem que o leite também deve ser abandonado.
Este é um assunto que deve ser tratado com cuidado. – Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, p. 205. E na mesma ocasião ela explicou: Tempo virá
em que talvez tenhamos de deixar alguns dos artigos de que se compõem o
nosso atual regime, tais como o leite, nata e ovos, mas não é necessário
provocar perplexidade para com nós mesmos com restrições exageradas prematuras.
Esperai até que as circunstâncias o exijam e o Senhor prepare o caminho para
isso.” –
Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 206. – (grifo nosso).
Nota:
É interessante notar a expressão: “Tempo virá talvez...” A palavra talvez
significa que algo pode acontecer ou não. Ellen White afirma também que as
circunstâncias alteram as condições: “As circunstâncias
modificam a relação das coisas.” – Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 217.
Parece-nos, por estes textos, que
Ellen White não tinha recebido a certeza de que a supressão do leite e dos ovos
teria obrigatoriamente de acontecer um dia. Poderia, possivelmente, ser uma
“profecia condicional”, como algumas profecias da Bíblia, cujo melhor exemplo é
a profecia anunciada pelo profeta Jonas aos habitantes de Nínive, de que em 40
dias a cidade seria destruída. E não aconteceu. Por quê? Porque as
circunstâncias mudaram. Os habitantes da cidade e seus governantes se
arrependeram, e Deus suspendeu a execução da pena.
No entanto, se realmente o banimento
do uso do leite e do ovo chegar a ser necessário um dia, Ellen diz que Deus
mostrará ao Seu povo a época certa. Não a um crente privilegiado aqui e outro
ali, mas à Igreja. (Ver Conselhos Sobre o
Regime Alimentar, p. 206).
PROBLEMA ATUAL
DA INSALUBRIDADE DOS ALIMENTOS
Conforme já comentamos, a
degeneração da Natureza por causa do pecado e das manipulações feitas pelos
homens tem afetado mais e mais a sanidade dos alimentos que usamos, tanto os de
origem animal quanto os de origem vegetal.
Agora mesmo, enquanto escrevo este
artigo, a mídia divulgou largamente o fato de a fiscalização sanitária
governamental ter descoberto que estava acontecendo a venda criminosa de carnes
deterioradas e de má qualidade por alguns frigoríficos do País. O fato teve
repercussão internacional. Algumas pessoas responsáveis por esse crime foram
processadas, e talvez serão condenadas.
E os produtos de origem vegetal
estariam livres de problemas? Certamente que não. Vejam a informação recente
que a conceituada revista brasileira Caros Amigos publicou numa reportagem
sobre o assunto, mostrando alguns exemplos de como os produtos de ordem vegetal
estão também seriamente contaminados. O título da reportagem é: Agrotóxicos Envenenam Nossa Comida.
E logo na apresentação da matéria a
autora escreve:
“Análises
laboratoriais realizadas em 33 marcas de feijão vendidas normalmente no
comércio das regiões Sul, Sudoeste e Centro-Oeste (regiões onde a pesquisa foi
feita) constataram que o alimento mais popular dos brasileiros está seriamente
contaminado por resíduos de agrotóxicos nocivos à saúde, de acordo com a ANVISA – (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária).”
E continua a reportagem: “Atualmente o Brasil é campeão mundial do uso de agrotóxicos
nos alimentos. A maior parte dos produtos consumidos diariamente pela população
– frutas, verduras e cereais – carrega venenos que afetam o sistema nervoso,
provocam depressão e vários tipos de cânceres. ... Substâncias proibidas em
muitas partes do mundo foram encontradas aqui em abacaxi, alface, arroz,
batata, cebola, cenoura, laranja, mamão, morango, repolho, tomate e uva.” – Revista Caros Amigos, dezembro de 2009.
Essa reportagem, feita pela
jornalista Tatiana Merlino, traz várias outras informações importantes nas
cinco páginas de seu texto. E isso, sem falar sobre os produtos manipulados
geneticamente, os transgênicos, dos quais ainda não se conhecem completamente
suas consequências para a saúde humana.
No jornal Estado de S. Paulo foi publicado recentemente o resultado de uma
análise de alimentos comuns na dieta dos brasileiros, análise feita pelo
Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Biológico de São Paulo, a
pedido da Greenpeace Internacional, e a conclusão da análise foi que nas
amostras desses alimentos foram detectados resíduos de pesticida e agrotóxicos
ilegais, prejudiciais à saúde. A lista dos itens contaminados inclui: arroz,
feijão, banana, mamão, tomate, laranja e pimentão. E de acordo com Marina
Lacôrte, especialista da Greenpeace em assuntos de alimentação, os números
obtidos com essa análise são considerados “alarmantes”. – O Estado de S. Paulo, 31/10/17.
Produtos
Orgânicos: Boa Opção
As pessoas que têm possibilidade
de adquirir e de usar produtos vegetais orgânicos, ou seja, que são produzidos
sem o uso de agrotóxicos, por certo serão beneficiados pela melhor qualidade e
pureza desses alimentos. O mesmo pode-se dizer de produtos de origem animal,
tais como ovos, leite e outros, que não sejam produzidos à base de hormônios e
outras drogas, embora saibamos que tais produtos especiais, vegetais ou
animais, não são acessíveis à maioria das pessoas, pelo custo mais alto desses
alimentos, e por ser bem mais difícil encontrá-los em algumas regiões.
Façamos, pois, o melhor na escolha
de nossa alimentação, de acordo com os ensinamentos bíblicos, os conselhos do
Espírito de Profecia, o bom senso, e as descobertas científicas feitas por
órgãos especializados em questões de saúde, e coloquemos em prática, também, os
demais remédios da natureza aconselhados por Ellen White. - (Ver A Ciência do Bom
Viver, p. 127).
USO
APROPRIADO DOS ESCRITOS DE ELLEN WHITE
É possível que corramos o risco de usar alguns escritos de
Ellen White de forma unilateral, tanto sobre reforma de saúde como sobre outros
assuntos. Sobre isso eis algumas de suas advertências:
1. “Haverá alguns que não causarão a melhor e mais correta
impressão sobre as mentes. Serão propensos a
ideias e planos
restritos, e não terão a menor ideia do que constitui a reforma pró-saúde.
Tomarão os testemunhos que foram dados para indivíduos especiais, sob
circunstâncias peculiares, e generalizarão esses testemunhos, aplicando-os a
todos os casos, trazendo assim desonra para minha obra e para a influência dos
testemunhos sobre reforma pró-saúde.” Mensagens Escolhidas, vol.
3, p. 288.
2. “Desejamos apresentar a temperança e a reforma de saúde do
ponto de vista bíblico, e ser muito cautelosos
para não ir a extremos em
defender abruptamente a reforma pró-saúde. Cuidemos para não enxertar na
reforma pró-saúde um falso rebento de acordo com nossas próprias ideias,
entretecendo nelas nossos próprios e fortes traços de caráter, fazendo deles a
voz de Deus e condenando todos os que não veem as coisas como nós as vemos.” - Mensagens Escolhidas,
vol. 3, p. 284 e 285.
3.
“Vemos os que escolhem as expressões mais fortes dos
testemunhos, e sem fazer uma exposição ou um relato das circunstâncias em que
são dados os avisos e advertências, querem impô-los em todos os casos. ... Escolhendo
algumas coisas dos testemunhos impõem-nas a todos e, em vez de ganhar almas,
repelem-nas. Causam divisões, quando podiam e deviam promover harmonia.” - Mensagens Escolhidas,
vol. 3, p. 285, 286.
UMA
PERGUNTA OPORTUNA: É PECADO COMER CARNE?
Como resposta a esta pergunta, que
alguns querem responder que sim, notem as seguintes afirmações de líderes e
conselheiros de nossa Igreja:
1. Escreveu o pastor Roger
W. Coon, ex-diretor associado do Centro White da Associação Geral:
“É óbvio que vegetarianismo não era um princípio com Cristo,
ou com os patriarcas ou com os profetas, pois eles todos se alimentavam de carne.
A Páscoa requeria que o cordeiro fosse comido por toda a família. E isso por orientação divina. Cristo e Seus
discípulos comeram peixe na Galileia mais de uma vez. E em assim fazendo,
nenhum desses personagens cometeu pecado.” – Roger W. Coon, Ellen White and
Vegetarianism, p. 25, Pacific Press,
EUA.
2.
O pastor Angel M. Rodriguez, ex-diretor do Instituto Bíblico
de Pesquisa da Associação Geral, escreve:
“As Escrituras permitem
que o ser humano utilize determinados tipos de carne. Portanto, não podemos
exigir que o vegetarianismo seja parte do estilo de vida do cristão.” – Adventist World,
julho de 2000, Review and Herald - EUA.
3. Ellen White fez a seguinte declaração a um
grupo de colportores:
“Eu aconselho a cada colportor guardador do sábado a evitar o
uso da carne, não porque seja pecado comer carne,
mas porque
não é saudável”.
– Manuscrito 15, 1889 – Ellen White and Vegetarianism, p. 25, Pacific Press -
EUA.
4. O livro Nisto
Cremos, que
apresenta oficialmente as 38 crenças da Igreja Adventista, declara o seguinte
sobre o assunto: “A Bíblia não condena o
uso de carnes de animais limpos.” - Nisto Cremos, p. 254, Casa Publicadora
Brasileira.
Nota: Conforme
essas declarações, não constitui pecado o uso de carne de animais limpos como
alimento, ou de outros produtos de origem animal, como leite e ovos, de acordo
com a Bíblia e com a própria posição da Igreja. Mas em qualquer item que tem
que ver com alimentação ou saúde, a temperança é um princípio que deve ser
seguido. E o que é temperança? É abstinência completa do que é proibido pela
Bíblia, e uso moderado do que é permitido.
Discernimento e Bom Senso
Não era plano de Ellen White que as pessoas só se baseassem
no que ela escrevia, sem levar conta, muitas vezes, as circunstâncias, o tempo
e o lugar em que ela escreveu. Ela incentivava os irmãos a pesquisarem também por
si mesmos as Escrituras, a fim de compreenderem certas questões, em vez de
ficarem repetindo o que ela disse ou escreveu. Tal atitude a desagradava, o que
a levou a declarar: “É assim que é, e meu
espírito tem sido muito agitado quanto à ideia: ‘Ora, a irmã White disse assim
e assim, e a irmã White falou isto e aquilo; e, portanto, procederemos
exatamente de acordo com isso.’ Deus quer que todos nós tenhamos bom senso, e
deseja que raciocinemos movidos pelo senso comum. As circunstâncias alteram as
condições. As circunstâncias modificam a relação das coisas.” – Mensagens Escolhidas, v.
3, p. 217.
Em outra ocasião ela deu a seguinte resposta a alguns que
insistiam em saber sua opinião sobre determinados assuntos: “Vós
professais ser discípulos de Cristo; estudai vossa Bíblia. Lede cuidadosamente
e com oração o relato da vida de nosso querido Salvador ao viver entre os
homens sobre a Terra. Imitai Seu viver, e não vos encontrareis desviados do
caminho estreito.”
– Testemunhos,
v. 2, p. 118 e 119.
PARA ELLEN WHITE, O QUE ERA SER VEGETARIANO?
Respondendo a esta pergunta, o
pastor Herbert E. Douglass, em seu livro Mensageira
do Senhor, dá a seguinte explicação:
“Em 1894, Ellen White escreveu a um não adventista ativo na
causa da temperança na Austrália, sobre a posição adventista para com a
abstinência total.
Eis suas palavras: ‘Sinto-me feliz em
garantir-lhe que, como denominação, somos, no mais amplo sentido da palavra,
abstêmios totais no que diz respeito ao uso de bebidas alcoólicas, vinho,
cerveja, sidra fermentada, fumo e outros narcóticos. ... Todos são
vegetarianos, muitos abstendo-se de consumo de alimento cárneo, enquanto outros
o utilizam apenas num grau bastante moderado’. – E.G.White, Carta 99, 1894.
“Percebemos
aqui" declara o Pr. Douglas, "que, para Ellen White, ser vegetariano não significava ser necessariamente
um abstêmio total quanto ao uso de carne, mas alguém que não come alimentos
cárneos habitualmente. Podemos ter aqui um claro exemplo da diferença entre um princípio e uma prática. O vegetarianismo era
uma prática fundamentada em um princípio: devemos comer sempre o melhor
alimento que a situação permite. Os princípios são afirmações claras, sempre verdadeiras
em todas as circunstâncias. As práticas podem mudar, dependendo do tempo, do
lugar e das circunstâncias. ... Somente a consciência de cada um sabe quando
essas decisões de fazer o melhor foram tomadas.” – Herbert E. Douglass, Mensa- geira
do Senhor, p. 361, Casa Publicadora Brasileira, 2001.
ÊNFASE APROPRIADA NAS DECLARAÇÕES DE ELLEN WHITE SOBRE
ALIMENTAÇÃO
Nota-se que Ellen White
chama atenção para o mal do exagero no consumo de alguns alimentos, mais do que
para o seu uso em si. Observem, por exemplo, algumas declarações a seguir, e as
expressões em negrito (o negrito é nosso):
1. Com respeito ao uso de carne:
·
“O uso abundante de
carne causa doença.” –
E.G.White, Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 407.
· “O costume de comer
amplamente carne está fazendo contrair moléstias.” – Ibid., p. 388.
· “Impossível é aos que usam carne em abundância ter um cérebro desanuviado.” – Ibid., p. 389
· “Quando a carne passa a
ser o principal artigo da alimentação, as faculdades superiores são
subjugadas.”
– Mensagens Escolhidas, vol. 3, p.
290.
2. Uso do Sal
·
“Não useis sal em
quantidade. Evitai as conservas e comidas condimentadas.”
– Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 345.
·
“Eu uso sal ... porque o sal é realmente essencial para o
sangue.”
– Ibid., p. 344.
3. Leite Com Açúcar
·
“Deve-se evitar o uso abundante de leite e açúcar
juntos.”
– Ibid., p. 333.
· “Temos usado sempre um
pouco de leite e algum açúcar. Isso nunca reprovamos, seja em nossos escritos, seja em nossa
pregação.”
– Ibid., p. 330.
Em súmula, com respeito a certos alimentos mais
restritivos, o que Ellen White aconselha é a moderação. São alimentos
permitidos, mas que devem ser usados com bom senso e equilíbrio, que é o que
constitui a prática da temperança cristã.
A um casal de crentes que estava em
dúvida sobre o que usar e o que não usar em sua alimentação, Ellen deu o
seguinte conselho: “Não precisais entrar na
água nem no fogo, mas tomai o caminho mediano, evitando todos os extremos.” – Ibid., p. 211.
ELLEN WHITE: PROFETISA INFLEXÍVEL?
George R. Knight, professor emérito
de Teologia e de História da Igreja, da Andrews University, procura, em um dos
seus artigos, desfazer o mito da profetisa inflexível, referente a Ellen White.
Em um trecho do artigo ele escreve:
“A crença do mito da profetisa
inflexível tende a levar os fiéis a isolar declarações autoritativas da Bíblia
e dos escritos de Ellen White e aplicá-las de maneira impensada em sua vida
diária. Seguir esse procedimento sempre leva à tomada de posições extremistas
que se demonstram prejudiciais tanto para a Causa de Deus como para os
indivíduos envolvidos.” ...
Mais adiante ele diz:
“O cristão deve repousar sobre uma
compreensão inteligente, uma adaptabilidade a circunstâncias variáveis, e uma
fé nos princípios imutáveis da Bíblia. ... Ellen White muitas vezes se vira
perplexa por aqueles que, afirma ela, ‘escolhem as
expressões mais fortes dos testemunhos e, sem fazer uma exposição ou um relato
das circunstâncias, querem impô-las em todos os casos. Assim eles produzem
erradas impressões na mente das pessoas. ... Há sempre os que são propensos a
apossar-se de algumas coisas de tal índole que possa ser usada por eles para
prender as pessoas a rigorosa e severa prova, e que inserirão elementos de seu
próprio caráter nas reformas. Escolhendo algumas coisas nos testemunhos
impõem-nas a todos.” - Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 285 e 286.
E diz mais o pastor Knight: “Outros
procuram fazer de alguma dieta particular um ídolo. Ellen lhes responde que ‘não se pode estabelecer uma regra para todos’, porque as pessoas
diferem. E ela disse também que ‘no uso de alimentos,
devemos exercer bom senso’, e devemos levar em conta fatores ocupacionais e
geográficos.” – (Test., vol. 7, p. 133 e 134). – Fonte: Assuntos Contemporâneos em Orientação Profética, p. 365 e 366. –
Centro de Pesquisas Ellen White, IAE-SP, 1988.
E em entrevista dada pelo pastor
George Knight para a Revista Adventista, encontramos o seguinte:
Pergunta:
Na sua opinião, a visão que algumas pessoas têm a
nosso respeito, como igreja, tem a ver com a maneira como vivemos e pregamos?
Resposta
do pastor Knight: Creio que o problema não
está na questão do estilo de vida que ensinamos, pois isto está bem
fundamentado. O que ocorre é que algumas pessoas não têm muito equilíbrio. Elas
tendem a relacionar o estilo de vida com a salvação. ... Especialmente em áreas
como a reforma de saúde, é muito fácil para algumas pessoas transformarem essas
questões em teste de salvação ou prova de discipulado. Isso as coloca em direta
contradição com o que Paulo diz em Romanos 14.
Revista Adventista, abril de
2001, p. 5 e 6.
TENDÊNCIA A
EVITAR
Às vezes temos a tendência
de nos acharmos melhores espiritualmente, ou mais santos, ou mais evoluídos na
fé por adotarmos uma ou outra dieta mais estrita. Ellen White teve de admoestar
um grupo de crentes que estavam agindo dessa maneira. Notem o que ela escreveu:
[Prezados irmãos]: “O Senhor achou por bem, em Sua bondade, dar-me uma visão
neste lugar; e entre as diversas coisas mostradas estavam algumas que lhes
dizem respeito. Vi que algo não estava bem com vocês. ... Vi que vocês têm
noções equivocadas sobre o afligir o corpo, e se privam de alimentos
nutritivos. Tal atitude leva alguns da igreja a concluir que Deus certamente
está com vocês, pois, do contrário vocês não se submeteriam a tais sacrifícios.
Vi, porém, que nenhuma dessas coisas os tornará mais santos. Alguns têm ido a
extremos com respeito ao regime alimentar. Assumem uma posição inflexível e a
mantém até sua saúde ser abalada; a enfermidade se instala no organismo e o
templo de Deus é debilitado.” – Testemunhos, vol. 1, p. 204 e 205.
Embora eu esteja focalizando este problema, que achei oportuno
fazê-lo, quero reafirmar, como já o
fiz
anteriormente, que tenho respeito e consideração por irmãos que adotam uma
dieta mais estrita em sua alimentação. Sei que são sinceros, e sei também que
todos devem ter seu livre arbítrio na escolha do que acham ser o melhor a
seguir. Numa circunstância semelhante, Ellen White tomou seguinte atitude: "Eu não como manteiga (...), mas muitos de nossos irmãos
conscienciosos têm manteiga à mesa, e não me sinto na obrigação de forçá-los a
proceder contrariamente. (...) Os que amam e servem a Deus devem ser deixados
seguir suas próprias convicções.” – E.G.White, Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p.
351.
ELLEN WHITE
E O VEGETARIANISMO ESTRITO
Pergunta: Adotou Ellen White e sua
família o chamado vegetarianismo estrito, que consiste só de vegetais?
Resposta: Não adotou.
No já mencionado livro, Mensageira do Senhor, escrito pelo
pastor Herbert E. Douglass, há o seguinte relato sobre a família White:
“Willie,
filho de Ellen, e que com ela trabalhou enquanto ela viveu, escreveu em 1933
uma carta ao pastor George Burt Starr, amigo da família, explicando que a
família White havia sido vegetariana, mas nem sempre ‘abstêmia’, totalmente
abstêmia de alimentos cárneos.” – Mensageira do Senhor, p. 316.
De maneira mais regular, Ellen usava
leite e nata em sua casa. Conforme já mencionado, ela possuía duas vacas em sua
chácara para uso do leite. – (Conselhos
Sobre o Regime Alimentar, p. 490. Ano 1903).
Ellen criava galinhas em seu quintal. Por
certo era para uso de ovos em sua alimentação, pois do contrário não
justificava criar galinhas. Ela escreveu que ovos contêm qualidades medicinais.
– (Ibid., p. 466).
Ellen usava peixes, e em alguns
casos eles eram pescados pela própria família em lago próximo à sua casa. – (Mensageira do Senhor, p. 315).
Por todos os registros históricos de
sua vida, conforme vimos nos textos apresentados neste estudo, nem Ellen, nem
sua família foram vegetarianos totais. Usavam leite e ovos normalmente, embora
carne ela declara ter usado esporadicamente, principalmente em viagens.
MAIS ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE ALIMENTOS
Naturalmente,
uma dieta, mesmo dentro dos princípios bíblicos, varia de acordo com as
circunstâncias locais e pessoais. Mas dentro do critério do bom senso, um regime
alimentar, em regra geral, deve fazer uso frequente de cereais,
preferencialmente integrais, em forma de pães e pratos diversos; verduras, as
mais variadas possíveis, em abundância; frutas, também diariamente, de espécies
da região e da temporada; leite e derivados, diariamente, exceto se o organismo
tiver comprovadamente algum tipo de intolerância à lactose, o que é de certa
raridade, mas pode ocorrer; ovos duas a três vezes por semana, cozidos na água,
ou ovos crus aquecidos. Quanto a carnes de animais limpos, inclusive de peixes,
são permitidas biblicamente, mas, devem ser usadas com moderação, ou, para os
que não desejam usá-las fariam bem em substituí-las pelos outros produtos de
origem animal, acima mencionados, para suprir o organismo com a vitamina B12 e
outros nutrientes essenciais que não se encontram, atualmente, nos vegetais, em
quantidade suficiente exigida pelo organismo humano.
A Importância da Água para a Saúde
Ao tratarmos de regime alimentar e saúde,
não podemos deixar de mencionar a importância da água para o bom funcionamento
do organismo. A água é tão essencial para o corpo como o ar que respiramos. A
diferença é que a respiração se dá espontaneamente, independente da ação ou da
vontade do indivíduo. Já, beber água fica mais a critério da pessoa ou da
importância que ela dá a essa prática. Daí a razão porque a maioria das pessoas
bebe menos água do que deveriam, o que causa sério prejuízo para a saúde.
Todos
sabemos que 80% de nosso corpo é constituído por água. E para manter essa
proporção ideal, o indivíduo deveria tomar de um litro meio a dois litros de
água por dia, dependendo, naturalmente do clima e das atividades físicas da
pessoa.
Quais
os principais benefícios que a água traz para o corpo? Ajuda-o a eliminar as
toxinas; hidrata convenientemente o organismo; previne-o de doenças várias;
fortalece os músculos; organiza a pressão arterial; melhora o humor e o
desempenho mental.
É,
pois, de suma importância para a saúde e o bem-estar das pessoas o uso correto
da água.
Cuidado com o Feijão Soja
Quanto
ao feijão soja, também deve ser usado com moderação, pois, conforme importantes
estudos nutricionais mais recentes, seu uso contínuo pode ter efeito
prejudicial, principalmente para crianças e jovens, pois pode causar distúrbios
hormonais de graves consequências, tanto para meninas quanto para meninos.
Estudos em instituições de saúde do Japão, do Reino Unido e dos Estados Unidos
têm alertado a população sobre os riscos do uso abundante da soja, e
aconselhado que este produto seja usado com bastante parcimônia.
O
pastor e professor Mário Ritter, que durante anos foi departamental de Educação
e Saúde da União Central Brasileira, escreveu a seguinte nota em um boletim do
seu departamento:
“Estamos aconselhando o povo adventista, que gosta de ingerir
proteína vegetal de boa qualidade, que troque a soja pelo grão-de-bico, que é
da mesma família das leguminosas e não possui ‘fitoestrógenos’.”
Nota: Fitoestrógeno é um componente
presente em algumas plantas, ou produtos vegetais, o qual, passando de certa
medida, altera patologicamente os hormônios sexuais, produzindo consequências
deletérias, principalmente em crianças e adolescentes em seu desenvolvimento
físico.
E
o professor Ritter ainda aconselha: “Estou enviando também às
igrejas bom material sobre a soja, que traduzi de estudos científicos
sobre esse produto e seus riscos. Em uma cidade do interior paulista, um pastor
me procurou, depois de minha palestra, e contou que sua filha de 3 anos de
idade, que fora alimentada por ‘leite de soja’ a partir de um mês de idade, já
apresentava sinais de puberdade precoce, com pelos pubianos. Encontrei também
alguns irmãos com suspeita de reação autoimune devido ao consumo excessivo de
soja.”
uuu
REFLEXÕES SOBRE A EXPRESSÃO “VERDADE PRESENTE”
Esta
expressão, “verdade presente”, tem sido usada para justificar alguns pontos de
vista um tanto extremados sobre interpretação profética, ou sobre dietas
alimentares estritas. E a justificativa dada como defesa desses pontos sem muita
comprovação bíblica, é que se referem a uma “verdade presente”.
Só
para dar um exemplo: O movimento dissidente intitulado Igreja Adventista da
Reforma, que se diz representante da “verdade presente”, justifica, com essa
alegação, sua separação da Igreja Adventista original, formando uma nova
denominação eclesiástica. Até sua editora é denominada Editora Verdade Presente.
Mas,
há, também, em nossos arraiais, alguns pregadores que usam esta expressão para
justificar algumas de suas posições de particular interpretação.
Em
face disso estamos colocando a seguir alguns dados históricos sobre o que
queria dizer a expressão “verdade presente” para os pioneiros, e mesmo para
Ellen G. White.
O
Pastor Arthur L. White, que por muitos anos foi responsável pelas publicações
de Ellen G. White na Associação Geral, descreve, com detalhes, em seu livro Ellen G. White - Mensageira da Igreja Remanescente, o que significa a expressão “verdade
presente” na história de nossa igreja. Escreve ele:
“O que constitui a ‘verdade presente’? Cuidadoso estudo de
documentos da época revela o que era denominado ‘verdade presente’.
Constituía-se de ‘pontos essenciais’, ‘colunas’, ‘fundamentos de importância
vital’. Esses pontos podem ser assim enumerados:
1. O segundo advento de Cristo.
2. A obrigatoriedade do Sábado.
3. As Três Mensagens Angélicas.
4. O ministério de Cristo no Santuário Celestial.
5. A não-imortalidade da alma.
“Essas doutrinas estruturais formavam a ‘firme plataforma’
que foi descrita por Ellen White sobre a qual
todos estavam firmes.
Estas doutrinas constituíam os marcos enumerados por Ellen White, trinta anos
mais tarde, quando participou de uma discussão em que alguns desejavam incluir
pontos menores que estavam sendo considerados.” – (E.G.White, Conselhos
para Escritores e Editores, p. 30 e 31). – Arthur L. White, Ellen
G. White – Mensageira da Igreja Remanescente, p. 86 e 87, Casa Publicadora Brasileira.
Em
seguida vamos transcrever os principais textos de Ellen White sobre o que ela
compreendia ser “a verdade presente”, e quais os pontos básicos neles expostos.
Escreve ela:
1.
“Há muitas verdades preciosas contidas na Palavra de Deus, mas
é a verdade presente que o rebanho
necessita agora. Tenho visto o perigo de os mensageiros se afastarem dos
importantes pontos da verdade presente,
para se demorarem em assuntos que não são de molde a unir o rebanho. ... Mas,
assuntos como o Santuário, em conexão com os Mandamentos de Deus e a Fé em
Jesus, são perfeitamente apropriados para esclarecer o passado movimento
adventista e mostrar qual é a nossa presente posição, estabelecer a fé
vacilante e dar a certeza do glorioso futuro. Esses, tenho frequentemente
visto, são os principais assuntos sobre os quais os mensageiros devem demorar.” – Primeiros Escritos,
p. 63.
2.
“Vi que os santos precisam alcançar completa compreensão da verdade presente, a qual serão
obrigados a sustentar pelas Escrituras. Precisam compreender o Estado dos Mortos;
pois os espíritos de demônios lhes aparecerão [aparição espírita], pretendendo
ser amigos e parentes amados, os quais lhes declararão que o Sábado foi mudado,
bem como outras doutrinas não escriturísticas.” – Primeiros Escritos, p.87.
Nesses
textos Ellen White explica quais são os pontos doutrinários que compõem a “verdade
presente”, ou seja, alguns ensinos bíblicos que foram esquecidos e olvidados ao
longo dos tempos, e que agora deveriam ser trazidos de volta pela Igreja
Adventista para conhecimento do mundo. Ela frisa especificamente a Guarda dos
Mandamentos, o Estado dos Mortos, a Observância do Sábado, o Santuário Celestial
e a Volta de Jesus.
Notem
a advertência que ela faz em sua primeira declaração sobre a “Verdade Presente”
acima exposta: “Tenho visto o perigo de
os mensageiros se afastarem dos importantes pontos da ‘verdade presente’, para
se demorarem em assuntos que não são de molde a unir o rebanho.” – Primeiros Escritos, p.
63.
Com
respeito à reforma de saúde, embora Ellen não a tenha incluído especificamente
nos textos acima transcritos, é, no entanto, assunto também importante para a
igreja, e que deve ser apresentado com equilíbrio e bom senso. É o que o
apóstolo João ensinou na sua terceira carta: “Desejo que te vá bem em todas as
coisas e que tenhas saúde...” – 3 João,
verso 2.
Eis
uma importante e esclarecedora declaração que Ellen faz sobre o assunto: “A reforma de saúde está intimamente relacionada com a
mensagem do terceiro anjo, mas ela não é a mensagem. Nossos pregadores devem
ensinar a reforma de saúde, mas não devem fazer disto o tema predominante em
lugar da mensagem.” - Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 74.
Em
súmula, são estes, historicamente, os pontos básicos que compõem a “verdade
presente” nos escritos de Ellen White e dos pioneiros.
TESTEMUNHO DO DR. SANG LEE
foi
diretor do Instituto Weimar, da Califórnia, USA.
Eis o que diz o Dr. Lee em entrevista à Revista
Adventista:
“Quando me tornei membro
desta igreja, fiquei muito surpreso com o fato de que a compreensão que muitos
irmãos tinham da mensagem de saúde é que ‘você precisa fazer isto para ser
salvo’. Minha ênfase principal é a seguinte: A mensagem de saúde é uma bênção
de Deus para o Seu povo e para todo aquele que nEle crê, e não algo que se
tenha que fazer para ser salvo. ...
“A salvação é
uma dádiva que Deus nos concede constantemente para tentar purificar-nos. É um
presente, pelo fato de você ser agora um dos Seus filhos. Muita gente não
compreende isto e me diz: ‘Dr. Lee, tenho-me esforçado muito para deixar de
comer carne, pois quero me salvar.’ E eu lhes digo: Mas não é o tipo diferente
de alimento que irá santificá-lo. ...
“Então as
pessoas se admiram dizendo: ‘Quer dizer que eu não preciso me sentir culpado
mesmo comendo carne?’ Eu respondo: Não se preocupe. Deus continua querendo que
você saiba que é salvo por Seu Filho.
“É muito
animador levar o povo a entender qual é a essência da mensagem da justificação
pela fé. Mas mesmo que ensinemos teologicamente esta doutrina, se alguém começa
a pregar que é preciso parar de comer carne para se salvar, naquele momento
todo o conceito de justificação pela fé é anulado e volta tudo para o legalismo
outra vez.”
(Revista
Adventista, agosto de 1988)
TERCEIRA PARTE
COMENTANDO ALGUNS SISTEMAS DIETÉTICOS
Em
todas as culturas do mundo o assunto da alimentação tem recebido consideração e
estudo. Nem sempre, porém, os motivos são os mesmos. Para nós, adventistas, a
razão de uma alimentação correta é a busca da saúde e do bem-estar, e que
esteja balizada pela Bíblia, sem nenhum aspecto místico.
Eis, a seguir, alguns sistemas alimentares com motivações
variadas:
A Cultura Judaica e a Alimentação
Os judeus são muito cuidadosos a respeito da alimentação
e dos produtos nutricionais colocados à disposição do povo.
Seu sistema de alimentação é o chamado Kosher, que quer dizer “correto”. É
baseado no Gênesis e na Lei Levítica, que se encontram na Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia). Esses livros contêm,
entre outras coisas importantes, as orientações dadas por Deus a respeito da
alimentação.
Tendo como base a Bíblia, esse sistema alimentar se assemelha
às práticas dietéticas da Igreja Adventista, uma vez que a Bíblia é, para nós
adventistas, a única regra de fé e prática, segundo a própria Sra. Ellen White
declara.
E nossa identificação com os judeus inclui também a
guarda do Sábado, a história da Criação, a crença em Deus, e todas as profecias
referentes à primeira vinda do Messias, embora não terem eles aceitado a Jesus
como cumprimento profético. Nesse ponto nós nos distanciamos deles.
Com respeito à Lei Levítica, considerada em vigor pelos
judeus e pelos adventistas, traz as orientações sobre os animais limpos e
impuros e contém regras dietéticas tais como não usar gordura animal, nem carne
com sangue, e outros itens. E o que diferencia também a dieta judaica de alguns
sistemas alimentares oriundos de países não cristãos, é que essa dieta tem para
os judeus, como objetivo, a saúde das pessoas, e não crenças místicas e
espiritualistas. Nesse ponto também nos aproximamos dos judeus.
E mais: Creio ser importante notar também a grande capacidade
intelectual dos judeus ao longo dos séculos, bem acima da média das demais
nacionalidades. Nomes famosos de judeus, dentro das várias áreas do
conhecimento humano, são em grande número. Apenas como uma breve amostra
citamos alguns deles: Albert Einstein, Sigmund Freud, Richard Wagner, Felix
Mendelson, Albert Sabin e inúmeros outros.
E com respeito ao famoso Prêmio Nobel, instituído por
Alfred Nobel, da Escócia, em 1901, e que premia anualmente pessoas que fizeram
grandes descobertas científicas, ou que se destacaram por importantes feitos de
valor social, ou escreveram obras de valor literário, os judeus se destacam de
maneira excepcional. Notem, por exemplo, a quantidade desses prêmios ganhos por
judeus:
Nobel de Química - 33
Nobel de Economia - 29
Nobel de Literatura - 13
Nobel de Física - 50
Nobel de Medicina - 53
Nobel da Paz - 9
Total:
187
De longe os judeus formam a nacionalidade que mais
prêmios Nobel recebeu até hoje. E a população judaica, espalhada no mundo, é de
apenas 14 milhões de pessoas, dos quais 6 milhões habitam em Israel.
É verdade que, em grande parte, essa excelência dos
judeus em aspectos intelectuais pode ser atribuída às bênçãos de Deus em geral
sobre o povo de Israel, desde os dias de Abraão. Mas, cremos que podemos
incluir nessas bênçãos as prescrições de saúde outorgadas por Deus a Israel,
como uma das razões para a notável capacidade intelectual desse povo. Creio ser
interessante ler o que o Comentário
Bíblico Adventista escreve sobre o assunto:
“As leis dietéticas de
Deus não são regras arbitrárias que privam o ser humano da alegria de comer. Ao
contrário, são leis seguras e sensíveis que, se seguidas, farão bem em manter
saudável o corpo ou mesmo em recuperar a saúde. ... A maioria dos judeus aderiu
aos mesmos estatutos por mais de três mil anos, e as condições físicas dos
judeus testemunham do fato de que essas normas não são obsoletas nem
ultrapassadas.”
– (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, p. 818), Casa Publicadora Brasileira.
A Cultura Orientalista e a Alimentação
Na cultura e crenças da Índia, da China e de países
afins, a dieta alimentar tem base bem mais mística e espiritualista do que de
saúde. Fundamentados nessa filosofia eles rejeitam alguns alimentos de origem
animal, principalmente carne, pois acreditam na reencarnação e na transmigração
da alma. Creem que ao morrer o homem, sua alma se encarna em outro ser humano
ou em algum animal. Creem que os animais também têm alma. Em face disso, acham
que a alimentação com carne de animais é uma espécie de canibalismo. Por alguma
razão dessas, na Índia a vaca é considerada um animal sagrado.
Mas a figura histórica dessa corrente alimentar que
atualmente está sendo grandemente divulgada, o vegetarianismo estrito, vem da
Grécia. Surgiu com o filósofo e matemático Pitágoras, que viveu no sexto século
antes de Cristo. Ele é considerado o “Pai do Vegetarianismo”. Ele também foi o
divulgador da doutrina da imortalidade da alma, que se tornou base de todas as
grandes religiões pagãs orientais, como o Budismo, o Hinduismo, Hare Krishna, Xintoismo
e outras. E recentemente, já entrando mais fortemente pelo mundo ocidental,
surgiu o movimento da Nova Era, que se inspira em crenças orientais, teosofia,
animismo, etc., e praticam também o vegetarianismo total.
Assim, essa grande onda moderna de vegetarianismo estrito,
e que vai muito além da questão alimentar, não tem nenhuma ligação histórica
com a mensagem adventista de saúde, e nem com a denominada dieta edênica do
Gênesis. Sua origem está envolta em crenças e filosofias pagãs.
A Filosofia Vegan
O chamado movimento Vegan é uma das mais radicais dietas naturistas,
e foi criado em 1944, na Inglaterra, por Donald Watson (que, por sinal, era
agnóstico, não cria em Deus) e mais cinco companheiros. Eles fundaram a The
Vegan Society, depois de se desfiliarem da The Vegetarian Society, por
diferenças ideológicas. O termo Vegan é formado pelas 3 primeiras letras e as 2
últimas da palavra “vegetarian”.
O veganismo é mais que uma dieta: é uma filosofia que se
baseia na defesa dos direitos dos animais, e é contrária a qualquer alimento de
origem animal, tais como carne, leite, ovos, mel e derivados, e rejeitam também
o uso de qualquer artigo, produto ou peça de vestuário produzidos com matéria
de origem animal, tais como seda (proveniente do bicho-da-seda), couro e peles
de animais em geral, marfim, camurça, etc. São, igualmente, contra o emprego de
animais para qualquer serviço, bem como o uso de animais como cobaias para
fabricação de vacinas e de outros medicamentos. Embora Donald Watson não
acreditasse em Deus, sua filosofia vegana funcionava para ele e seus colegas
como uma espécie de religião, tal o extremismo com que ela era propagada e
praticada, e o é ainda hoje.
Essa dieta não tem embasamento bíblico, e é até contrária
ao senso comum.
O veganismo, repetimos, não tem nenhuma ligação histórica
com os ensinos adventistas sobre reforma de saúde; e qualquer uso desse nome,
ou defesa desse sistema dietético por pessoas da igreja, ou por indústrias de
produtos alimentícios de nossa Organização, acontece por ignorância ou por
interesses comerciais aproveitando a onda naturista do mundo para fins
lucrativos, o que é desaconselhável e deseducativo.
QUARTA PARTE
PESQUISAS DE LOMA LINDA SOBRE SAÚDE
Registramos
aqui, com satisfação, a importante pesquisa feita pela Universidade de Loma,
USA, pesquisa que durou vários anos e que constatou que os adventistas vivem,
em média, de 8 a 10 anos a mais do que os demais habitantes da região onde a
pesquisa foi feita. A pesquisa levou em conta todo o estilo de vida adventista,
tais como abstinência do fumo, de bebidas alcoólicas e outros narcóticos; prática
de exercício físico regular, uma vida regrada pelos princípios bíblicos de
conduta, e uso de alimentos saudáveis.
A
primeira parte dessa pesquisa, intitulada ADVENTIST
HEALTH STUDY, teve início em 1958, e foi efetuada durante alguns anos de
trabalho.
A
segunda parte da pesquisa, que inclui alguns outros itens examinados, começou
em 2002 com aproximadamente 77.000 pessoas, e terminou em 2010. Entre as
conclusões obtidas por este segundo estudo uma chamou mais atenção: Foi a
relação do regime alimentar com o aparecimento de câncer colorretal (um tipo
mais comum de câncer do intestino).
Notem,
a seguir, o resultado obtido nesse estudo, e publicado pela Review and Herald
de 16 de março de 2015, cujos dados foram fornecidos pelo Dr. Gary Frazer, um
dos diretores da pesquisa:
Constatou-se que os adventistas vegetarianos estritos apresentaram
16% menor chance de desenvolver câncer colorretal, do que os demais indivíduos
avaliados. No caso dos ovo-lacto-vegetarianos, o risco foi 18% menor, portanto,
2% de vantagem sobre os vegetarianos estritos (veganos). Já os pesco-ovo-lacto-vegetarianos
(que incluem peixe, leite e ovos na dieta, além dos vegetais), chegaram a
apresentar um considerável índice de 43% de menor possibilidade de contrair
câncer colorretal, ou seja, 27% de vantagem sobre os vegetarianos estritos.
Não
deixa de ser significativo este resultado, pois, contraria a crença muito comum
entre os naturistas estritos, de que o vegetarianismo total é o melhor em todos
os sentidos. No Éden era. Mas com a degenerescência que tem havido por
causa do pecado, muitas vezes precisa de complementação apropriada, com algumas
vitaminas, e outros nutrientes, de acordo com o que ensina o Departamento de Saúde
da Associação Geral da IASD, e de acordo com as constatações científicas mais
recentes feitas por fontes confiáveis.
Uma Breve Reflexão
Creio
ser de justiça reconhecermos, também, o valor das pesquisas e descobertas de
cientistas não-adventistas, ou de órgãos médicos governamentais, mas que têm,
igualmente, contribuído para a qualidade de vida e aumento da longevidade das
pessoas. Haja vista que a média de vida nas últimas décadas, em regra geral,
aumentou consideravelmente da casa dos 40 a 50 anos, para 70 a 80 anos
atualmente. E nós, como adventistas, devemos reconhecer fatos como esse, assim
como apreciamos quando a mídia secular elogia nossa contribuição na área de
saúde, de educação, ou em outras.
A
Bíblia nos faz esta afirmação: “Toda a boa dádiva e todo
dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai da luzes.” – (Tiago 1:17).
NOTA FINAL
A Mensagem Adventista
de Saúde: Em que consistiria essa mensagem? Em síntese, ela pode ser
resumida no seguinte texto de Ellen White: “Ar Puro, Luz Solar, Abstinência,
Repouso, Exercício, Regime Conveniente, Uso de Água e Confiança no Poder
Divino.” – A Ciência do Bom Viver, p. 127.
Esses são os oito “remédios” que Ellen recomenda para que
usufruamos de boa saúde, no mais amplo sentido do termo.
Entre
esses oito “remédios” encontra-se o “regime conveniente”, que, no original em
Inglês lê-se “proper diet” (dieta apropriada). Essa expressão, regime
conveniente, indica que Ellen não prescrevia uma dieta única. Dependia, no seu
entender, das circunstâncias, das características e necessidades de cada
organismo. E essa atitude deverá ser também a mais aconselhável para os que lidam
com o assunto de alimentação hoje, em nossas igrejas, escolas e em nossas
instituições de saúde.
Com
respeito a este assunto, Ellen sempre frisa: : “É impossível estabelecer uma regra fixa para regular os
hábitos de cada um, e ninguém deve considerar-se critério para todos (...) Comidas apetecíveis e saudáveis para uma
pessoa, podem ser desagradáveis e mesmo nocivas para outra.” – Conselhos Sobre o
Regime Alimentar, p. 198.
E então ela dá um exemplo de sua própria experiência:
“Eu não posso comer feijão, pois para mim ele é um
veneno. ... Não posso comer uma colher de molho branco sem sofrer as consequências;
outros membros da minha família, no entanto, podem comer essas coisas e nada
sentem; tomo portanto o que me vai bem ao estômago, e eles fazem o mesmo.” – Ibid., p. 494.
Em
outra ocasião ela escreveu: “Há grande diferença entre constituições e temperamentos, e as
exigências do organismo diferem grandemente nas diferentes pessoas.” – Ibid., p. 491.
A
seguir colocamos mais algumas orientações de Ellen White sobre esta questão:
1.
“Nem todas as comidas
saudáveis em si mesmas são igualmente adequadas às nossas necessidades em todas
as circunstâncias. (...) Nossa comida deve ser de acordo com a estação, o clima em que
vivemos, e a ocupação em que nos empregamos. Muitas vezes alimentos que devem
ser usados com proveito por pessoas que se empenham em árduo labor físico, não
são próprios para os de trabalho sedentário. Cada pessoa deve escolher entre as
comidas saudáveis, aquelas que a experiência e o são juízo demonstram ser as
mais convenientes às suas próprias necessidades.” – Ibid., p. 94.
2. “Para uns, as preparações de cereais integrais são boas,
enquanto para outros não as podem ingerir.” – Ibid., p. 198.
3. “Alguns não podem usar leite, ao passo que outros tiram bom
proveito dele.” –
Ibid., p. 198.
4. “Os ovos contêm propriedades que são agentes medicinais
neutralizantes de certos venenos. Abstendo-se de leite, ovos e manteiga, alguns
deixaram de prover ao organismo o alimento necessário e, em consequência, se
enfraqueceram e se incapacitaram para o trabalho.” - Ibid., p 368.
5. “O regime cárneo não é o mais saudável, mas, todavia, eu não
tomaria a atitude de que ele deva ser rejeitado por toda pessoa. Os que têm
fracos órgãos digestivos podem, muitas vezes, comer carne, quando não lhes é
possível ingerir verduras, frutas e mingaus.” – Ibid., p. 394 e 395.
Em
resumo, na questão de alimentação, devemos fazer o nosso melhor, de acordo com
as características e necessidades de nosso organismo, com equilíbrio e bom
senso.
Recomendação do Departamento de Saúde da Associação Geral da
Igreja Adventista
Transcrevemos,
em seguida, as orientações dos doutores Allan Hendsydes e Peter Landless, diretores
do Departamento de Saúde da Associação Geral da IASD:
“Oficialmente a Igreja ainda recomenda a dieta
ovo-lacto-vegetariana. Esta é a dieta endossada e praticada por Ellen White, e
nós a transformamos em falsa profetisa quando lhe atribuímos ensinamentos que
ela não apresentou. ...
“É tempo de sermos
honestos com nós mesmos, com os dados científicos e com nossos irmãos. A forma
manipuladora como alguns usam dados para tentar provar que uma dieta totalmente
baseada em plantas contém vitamina B12 é, às vezes, algo muito perto da
desonestidade. ... Qualquer vitamina
B12 em produtos vegetais representa contaminação bacteriológica e fecal das
plantas. Aconselhar alguém a não
escovar os dentes para permitir o crescimento bacteriológico da flora dental com
alguma produção de vitamina B12 é enganoso, anti-higiênico e doentio.
“Milhares de
adventistas certamente podem melhorar sua saúde adotando uma dieta
ovo-lacto-vegetariana, especialmente se o leite usado contém pouca gordura, e
não sejam usados mais de três ovos por semana. Não é óbvio que uma mudança
brusca para uma dieta totalmente vegetariana seja benéfica. Na verdade,
recentes descobertas mostram que existem riscos significativos, se não for
providenciada a suplementação diária de vitamina B12, cálcio e vitamina D.” - (Fonte:
Allan Hendsydes e Peter Landless, Equilíbrio na Reforma de Saúde, Revista
Adventista, dezembro de 2002).
CONCLUSÃO
Finalmente queremos destacar o último dos oito “remédios”
recomendados por Ellen White: “Confiança no Poder Divino”. Essa bênção nos é
comunicada através da leitura e meditação diária da Bíblia, e da oração
particular, a qual, no dizer de Ellen, é “a alma da religião”.
Creio ser oportuno colocar aqui, como fecho de ouro dessas
considerações, o pensamento da serva do Senhor sobre o valor da comunhão com
Deus na vida do cristão:
“Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a
vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se
apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande
sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor
vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito. Se queremos
ser salvos afinal, teremos de aprender ao pé da cruz a lição de arrependimento
e humilhação.”
– Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 83.
A esta altura, o leitor poderá estar perguntando: Mas por que
incluir este pensamento aqui, se estamos tratando de alimentação e saúde?
É o próprio Senhor
Jesus quem nos responde: “NÃO SÓ DE PÃO VIVERÁ O HOMEM, MAS DE TODA PALAVRA QUE
PROCEDE DA BOCA DE DEUS.” - Mateus 4:4.
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